quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

...Não sei para onde vou..Sei que não vou por aí!



Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Pensamentos de Paulo Coelho

"Um guerreiro não se deixa assustar quando busca o que precisa. Sem amor, ele não é nada. "

"O amor jamais morre de morte natural; geralmente morre de sede porque nos esquecemos da fonte."

“As tarefas diárias jamais impediram alguém de seguir seus sonhos."

“A fé é uma conquista difícil, que exige combates diários para ser mantida.”

“A maior mentira do mundo: em determinado momento de nossa existência, perdemos o controle de nossas vidas, e ela passa a ser governada pelo destino."

Muitas pessoas se fascinam pelos detalhes e esquecem o que procuram."

“Não adianta querer agradar todo mundo. Só os medíocres conseguem isso e mesmo assim à custa de muito sacrifício pessoal."

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Amo-te...com grande liberdade...Dentro da eternidade e a cada instante...


Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

...entre os seios me apertes sem receio. ...



AMOR FISICO

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio, in “Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Eugénio de Andrade”

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

...abandonada noite onde o fogo se instalou...


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Há sempre uma noite terrível para quem se despede
do esquecimento. Para quem sai,
ainda louco de sono, do meio
do silêncio. Uma noite
ingénua para quem canta.
Deslocada e abandonada noite onde o fogo se instalou
que varre as pedras da cabeça.
Que mexe na língua a cinza desprendida.

lugar II (excerto)
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Penso que deve existir para cada um
uma só palavra que a inspiração dos povos deixasse
virgem de sentido e que,
vinda de um ponto fogoso da treva, batesse
como um raio
nos telhados de uma vida, e o céu
com águas e astros
caísse sobre esse rosto dormente, essa fechada
exaltação.
Que palavra seria, ignoro. O nome talvez
de um instrumento antigo, um nome ligado
à morte – veneno, punhal, rio
bárbaro onde
os afogados aparecem cegamente abraçados a enormes
luas impassíveis.
Um abstracto nome de mulher ou pássaro.
Quem sabe? – Espelho, Cotovia, ou a desconhecida
palavra Amor.
(“Poema”, III, A Colher na Boca [1960], Poesia Toda: 30- 32)
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

...teu abraço estará no meu...


Amar é fazer valer a pena talvez um tempo em que parecerá tarde demais, então buscar-te-ei num dicionário de palavras proibidas, num livro de vocábulos nunca ditos, numa biblioteca de sensações inéditas.
Tempo haverá em que não precisaremos de mais tempo para nos entendermos. Desprezaremos os idiomas. Não se tratará de aprender tua língua, apreenderei tua língua nos meus lábios, e tuas mãos estarão nas minhas, teu abraço estará no meu. Confundirei o meu e o teu numa palavra.
Nosso mundo será livre quando libertarmos nossas palavras, nossos corações serão livres quanto liberto também estiver nosso silêncio.
Chegará um tempo em que só nos restará ir além. Só nos restará fazer valer a pena.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

...Essa felicidade que supomos,árvore milagrosa...


ESPERANÇA

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

...dever de sonhar, de sonhar sempre,...


Dever de Sonhar
Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

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Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo.
Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Meu amor minha alegria...gaivotas bailam no horizonte...


MEU AMOR, MINHA ALEGRIA

O sol laranja se esconde no mar,
gaivotas bailam no horizonte,
mas não há nada que confronte,
a beleza desse teu doce olhar.

Em nossa mente uma canção diz,
palavras repletas de emoção,
é chegada a hora de ser feliz,
sentir pulsar no peito o coração.

Meu amor é sonho de alegria,
é encanto de almas dispostas,
a redescobrir em todos os dias,

o meio entre duas vidas opostas,
construindo assim a harmonia,
em camadas assim sobrepostas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

..meu amor..



Porque te quero assim tanto meu amor
Se te perder, que há-de ser de mim
Meu bem maior, minha vida, meu sabor
Ninguém no mundo te amará tanto assim!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pensamentos

As cadeias do hábito são, em geral, pouco sólidas para serem sentidas, até que se tornem fortes demais para serem partidas."
( Samuel Johnson )

"O passado existe quando se está infeliz."
( Louise Levêque Vilmorin )

"Guarda o passado, se não tens já futuro. Porque se também o perderes, o presente que te restar é o da pia, que não tem tempo algum."
( Vergílio António Ferreira )

"Um ato de confiança dá paz e serenidade."
( Fiodor Dostoievski )

"O otimismo é a fé que leva à realização. Nada pode ser feito sem esperança ou confiança."
( Helen Keller )

"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia."
( Carlos Drummond de Andrade )

"Os amantes apenas vêem os defeitos das amadas quando o seu encantamento acaba."
( François de La Rochefoucauld )

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

...Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar.


Tenho tanto sentimento
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem de pensar.

Pensamentos

Dever de Sonhar
Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

"Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias"

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

...desse beijo tão perdido...


LETRA PARA FADO

Beijo da saudade

Trago a saudade comigo
dentro do meu coração
desse beijo tão perdido
perfeito novo inimigo
sabor doutra condição

Não quero mais este pranto
do gosto dos lábios teus
pois era doutra o encanto
e eu era outra portanto
morrendo por beijos teus

Meu amor, hó minha vida
se a fantasia acabou
ando num barco perdida
és minha chama inimiga
que este meu amor queimou

Já não, já não quero mais
trazer comigo a saudade
porque são espadas brutais
lancinantes são punhais
que matam minha vontade

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

...ave solta de brandura.....ser meu corpo sua chama..


AI SE EU PUDESSE ESCOLHER UM AMOR ASSIM

Ai se eu pudesse
escolher um amor assim
ave solta de brandura
perfeita paz de cetim
fosse eu, nova frescura
sua taça de marfim

Ai se eu pudesse
escolher um amor assim
fosse eu, nova primavera
com doce olor de jasmim
restava meu rosto à espera
como lirio de jardim

Ai se eu pudesse
escolher um amor assim
ser meu corpo sua chama
meus lábios o seu festim
meu leito a sua cama
só tivesse olhos p'ra mim

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Decepções...


FRASES DE DECEPÇÂO

Ilusões, mentiras e decepções. A dor de um coração partido, seus pedaços caem sobre o chão de lágrimas de um amor perdido, um amor que não merece ser sentido.
Natália Sugawara

As decepções não são motivos para rejeitar o amor.Muito pelo o contrário,elas são a prova de que, sempre é hora de recomeçar.
Sarah Ismênia Saruth

sábado, 12 de novembro de 2011

...o amor...


MEU AMOR,

Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além de que te amo,
se o que quero dizer-te é que te amo?
"

Se perder um amor... não se perca!
Se o achar... segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais... é nada."

...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...

sábado, 29 de outubro de 2011

...ansias saciadas...teus desejos...


Querer-te tanto assim quanto quero amor
é dor que aumenta a cada instante
apesar de saber-te tão distante
magoa mais a triste sina deste ardor

A quem dás os teus gemidos de prazer
as ansias saciadas...teus desejos
perdes-te nos lábios... em que beijos?
Seca minha boca..sem viver!
.................

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

...Se olhares o horizonte e nada vislumbrares...


MEU AMOR
Só tu existes
Se olhares o céu e não vires o sol
é porque se envergonhou pela superioridade do calor
e do sorriso que tens
Se olhares o céu e não vires as estrelas
é porque se envergonharam pela superioridade da luz
e do brilho que emanas
Se fores ao mais belo jardim e não vires uma flor
foi ele que se envergonhou pela superioridade da beleza
e do olor que exalas
Se quiseres comtemplar o mar e ele não estiver
foi ele que se envergonhou pela superioridade das águas
das lágrimas da minha felicidade
Se olhares o horizonte e nada vislumbrares
é porque se envergonhou pela superioridade que tens
e tão somente,
porque só tu existes!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

...Podem voar mundos....tu és como Deus: Princípio e Fim!.


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!.

Luís, Dedico-te este poema com todo o meu amor,porque és e sempre serás para sempre o amor da minha vida.

sábado, 24 de setembro de 2011

...luz que dá na cor, É uma cor que dá na vida...o amor..


DEFINIÇÃO DO AMOR
"Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer"

Que o poeta de todos os poetas
me conceda boa estrela
que a estrela de todos os astros
me premeie na lapela
prémios de honor
prefiro os muitos
oferecidos pelas mãos do amor
coroando o amor e seus heterónimos
nem vão caber nos Jerónimos

Amores anónimos não há
e assim foi pela madrugada
mesmo que seja um "assim fosse"
vou nomear-te namorada
ninguém já soube o que é o amor
se o amor é aquilo que ninguém viu
uma cor que fugiu
de um pano leve
e pairou serena e breve
no ar
(Pousa agora, borboleta
na pena deste poeta:)

É uma cor que dá na vida
o amor
é uma luz que dá na cor
É uma cor que dá na vida
o amor
é uma luz que dá na cor
mas é uma batalha perdida
que se trava com ardor
é uma cor que dá na vida
o amor
dor que desatina sem doer

Se devagar se vai ao longe
devagar te quero perto
mesmo que o que arde nunca cure
vou beijar-te a sol aberto
é já dos livros que o instante
se parece tanto com a eternidade
e que o amor, na verdade
só se cansa de ti
se de ti mesmo te cansas

Mordidas mansas, emoções
suspiros densos, afagares
liberto das definições
o amor define os seus lugares
ilhas desertas até ver
ver o sol, a chuva
o arco do corpo
arco-íris, corpo a corpo
cara a cara, cor a cor
incandescendo o olhar
(Pousa agora, borboleta
na pena deste poeta:)

É uma cor que dá na vida
o amor...

E ao pôr o dedo nas feridas
que supúnhamos curadas
provas de fogo atravessamos
no mar alto festejadas
não se controla o inesperado
nem se diz o indizível do amor
uma cor que fugiu
de um pano leve
e pairou serena e breve
no ar
(Pousa agora, borboleta
na pena deste poeta:)

É uma cor que dá na vida
o amor...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

..desprezo...sem compaixão..


DESPREZO

Percebes o quão rudes são os versos
Que outrora abrilhantaram com exatidão
Caminhos tortuosos e inversos
Banindo suntuosos, a sofreguidão?

Oras, pois, que os tons destes verbos
Açoites dispersos da inexatidão
Provém de sentimentos incertos
Vis, cruéis e sem compaixão

Então, segues teu caminho,
Que te vem enquanto troça
Perseguido em desatinos,
Por esta dor, tão sem resposta

.......................
Desprezo

Alguém já te deu as costas?
Sim. Isto acontece-nos todos os dias.
Porém, quando este alguém que nos despreza,
É aquela pessoa que gostamos tanto,
Ai! Dói muito.
O desprezo frusta-nos,
Qualquer expectativa,
E o sofrimento é terrível.
Não sei até quando,
Eu vou amar sozinha.......
..............

sábado, 27 de agosto de 2011

...Quando é amar que deves. Se não amas, ...


AMO COMO O AMOR AMA
Amo como o amor ama.

Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
..............................................................
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
..............................................................
Ah! não perguntes nada; antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse todo com o coração.

Se te vejo não sei quem sou: eu amo.
Se me faltas [...]
... Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas —
Quando é amar que deves. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
Alguém pra te falar de quem tu amas.
.............................................................
Quando te vi amei-te já muito antes
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.
.............................................................
(Excerto do poema)

...com a luz e a fé dum crente....


CINISMOS

Eu hei-de lhe falar lugubremente
Do meu amor enorme e massacrado,
Falar-lhe com a luz e a fé dum crente.

Hei-de expor-lhe o meu peito descarnado,
Chamar-lhe minha cruz e meu Calvário,
E ser menos que um Judas empalhado.

Hei-de abrir-lhe o meu íntimo sacrário
E, desvendar a vida, o mundo, o gozo,
Como um velho filósofo lendário.

Hei-de mostrar, tão triste e tenebroso,
Os pegos abismais da minha vida,
E hei-de olhá-la dum modo tão nervoso,

Que ela há-de, enfim, sentir-se constrangida,
Cheia de dor, tremente, alucinada,
E há-de chorar, chorar enternecida!

E eu hei-de, entáo, soltar uma risada...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

...Beija-me as mãos...Os beijos que sonhei pra minha boca!


Amiga
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha magoa e dor
O que me importa a mim? O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...

Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

...à procura de casa onde se aqueça...


Respira. O oxigénio espera da tua esfera

Respira. O oxigénio espera da tua esfera
de cor... o teu afago a tudo.
O oxigénio é meigo. Ele às vezes consegue
sair das folhas verdes sem ruído no escuro.


Como um ladrão que rouba o próprio sangue
e o leva ao inimigo... assim ele anda
à procura de casa onde se aqueça
vendo que em pedra e telha a traz consigo


Respira.O oxigénio espera o teu relógio
de luz ...o teu sorriso claro.
O oxigénio é meigo. Ele às vezes constrói
Uma impossível casa à beira do teu lábio

terça-feira, 31 de maio de 2011

Deixa que feche o anel em redor do teu pescoço...


SEGREDO

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche
o anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

(Para ti Luís com todo o meu amor )

sexta-feira, 27 de maio de 2011

...no obscuro desejo, ...


no obscuro desejo,
no incerto silêncio,
nos vagares repetidos,
na súbita canção

que nasce como a sombra
do dia agonizante,
quando empalidece
o exterior das coisas,

e quando não se sabe
se por dentro adormecem
ou vacilam, e quando
se prefere não chegar

a sabê-lo, a não ser,
pressentindo-as, ainda
um momento, na aresta
indizível do lusco-fusco.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Solta-se um beijo..solta-se a alma gigante.. pensamento errante...


Solta-se um beijo
solta-se a alma gigante
pensamento errante
sonho de sabores...
Da tua boca...
Que se perde na lua imensa de solidão...
Solta-se um beijo
solta-se um suspiro
a angústia do teu silêncio
a despedida adiada
a desmesurada espera do sim
para mim...
Do beijo que se solta..
Sem beijar
..Perdido no cais
da minha boca
que espera o beijo
que afinal
não me beija!

terça-feira, 3 de maio de 2011

..Imagina-te como uma criança...Grita corre salta ri...


PÁRA UM POUCO PARA PENSAR

Pára um pouco para pensar
Imagina-te como uma criança

Sã inocente e sonhadora
Fecha os olhos
E vê como o mundo é belo
Apesar de suas crueldades

Age como essa criança
Que ignorando
Problemas ou dificuldades
Ultrapassando obstáculos
Tudo faz para vencer

Que sem medos
Ou desconfianças
Em todos vê aliados
Para conseguir
Aquilo que quer

E sempre que algo quer
Pede luta pede
E pede e luta e pede
Até que consegue

Grita corre salta ri
Parte para a descoberta
Não perde uma oportunidade
Está sempre a aprender
E com esse desejo ardente
De tudo conhecer
Tudo pergunta
Para tudo saber

É assim a criança

Que ainda não conhece
A palavra dar
E dá

Que ainda não conhece
A palavra perdoar
E perdoa

Que ainda não conhece
A palavra amar
E ama

E desconhece a palavra
Convicção
Mas age com convicção

E desconhece a palavra
Entusiasmo
Mas age com entusiasmo

E desconhece a palavra
Persistência
Mas age com persistência

E desconhece a palavra
Desistir
Mas nunca desiste

Imagina-te como essa criança
Pára um pouco para pensar

sábado, 26 de março de 2011

...Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,...


Diz-me, Amor, como Te Sou Querida

Dize-me, amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.

Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!

Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem turnura,
Agonia sem fé dum moribundo,

Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

...A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo...


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

sábado, 12 de março de 2011

...Deus costuma usar a solidão...usa a morte, quando quer mostrar a importância da vida...


Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer mostrar-nos a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer mostrar-nos a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer mostrar-nos a importância da vida.

Deixo aqui com este poema os meus sinceros pêsames à familia e amigos do antigo bandarilheiro e apoderado de Luís Rouxinol ,
Exmo Sr. Mário Freire que partiu para outra dimensão.

...Faz os teus braços fechar-me as asas ...


DÁ-ME LUME

Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha som
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar

Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo á mão de semear
Mostrei-te a origem do bem e do reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro e o paraíso no teu olhar

Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-se até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas há tanto tempo a acenar

Eu tinha o espirito aberto
Ás vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro e ao paraíso no teu olhar

Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse critico de arte
Havia de declarar-te
Obra prima á escala mundial
Mas não passo de um homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro e o paraíso no teu olhar

sexta-feira, 11 de março de 2011

...Enredada estou de mim ...neste vício de enredar...


POEMA SOBRE O ENREDO



Enredada estou de mim

nesta febre em que me vejo

já que enredada de ti

não se cura o meu desejo



que nem me pus de curar

este fogo do teu corpo

nem me pus de enganar

esta sede que provoco



pois logo desenredada

eu sei que me enredaria

neste vício de enredar

o meu espasmo em teu orgasmo

por sua vez enredado na branda rede dos dias

sábado, 26 de fevereiro de 2011

...Não contes ...


SEGREDO

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche
o anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

...podes dar mais uma asa a quem tem sede de voar ...


Um Pouco Mais de Nós

Podes dar uma centelha de lua,
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.

E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

lindos versos raros...eu não tos digo ainda...


Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

...Sem ele sou apenas uma pedra fria!...


SEM O TEU AMOR EU MORRO

Tirem-me a carruagem de fogo;
As pratas que trago nos cabelos...
Ceguem meus olhos e os espelhos;

Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele não nasce o dia:
Sem ele sou apenas uma pedra fria!

Tirem-me a graça e todo o colorido;
O rubro ourado das manhãs de auroras;
As gameleiras, laranjeiras e as alterosas;

Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele, ai de mim! Não sobrevivo:
Sem ele sou apenas um grão de trigo!

Tirem-me, dos céus, os astros e os planetas,
Os cometas, as galáxias e o meu coração;
O meu juízo e o pouco da minha razão;

Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele minha casa é cinza e feia:
Sem ele sou apenas um grão de areia!

Tirem-me a poesia e todo o meu mundo;
As baunilhas e as hortelãs silvestres;
Que nunca mais raie a abóbada celeste!...

Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele não sou homem, sou lodo:
Sem ele... Sem ele... Eu morro!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

...É fácil caminhar lado a lado,Difícil é saber como se encontrar!...


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

....E em seu louvor hei de espalhar meu canto....


Soneto da Fidelidade

E tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meus pensamentos
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Para reflectir...Vamos sempre a tempo de mudar....


A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado. "
( Sêneca )
"Aquele que não tem confiança nos outros, não lhes pode ganhar a confiança." (Lao Tsé)

"Um ato de confiança dá paz e serenidade." (Fiodor Dostoievski)

"O otimismo é a fé que leva à realização. Nada pode ser feito sem esperança ou confiança." (Helen Keller)

"Pode-se, à força de confiança, colocar alguém na impossibilidade de nos enganar." (Joseph Joubert)

"O ciúme é indicio de baixeza moral: aquele que desconfia merece que ninguém lhe dê confiança, pois o homem avalia o proceder alheio pelo seu." (Demófilo)

"Há seis requisitos necessários para um casamento ser feliz: o primeiro chama-se Fé, e os outros cinco, Confiança." (Elbert Hubbard)
"O hábito do vício atenua, mas nunca afoga inteiramente a voz dos remorsos."
( Edward Young

"A maior punição do homem é o remorso."
( Miguel Couto )

Caráter - Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles. (Adam Parfrey)

Consciência - A primeira e pior de todas as fraudes é enganar-se a si mesmo. Depois disto, todo o pecado é fácil (J. Bailey)

"É prudente aquele que não confia mais em quem o iludiu uma única vez; mas será injusto não confiar em mais ninguém porque foi iludido por outrem."
( Ramakrishna )

"As pessoas direitas são guiadas pela honestidade. A maldade dos falsos é a sua própria desgraça."
( Rei Salomão )

"Metade dos nossos erros na vida nascem do fato de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir."
( J. Collins )

"Confessar um erro é demonstrar, com modéstia, que se fez progresso na arte de raciocinar. "
( Jonathan Swift )

...desembarcar nas ilhas misteriosas....Contar-te o mar ardente e o verbo amar.


Coisa Amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

...que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também,...


Noite

Ó noite onde as estrelas mentem luz, ó noite, única coisa do tamanho do universo, torna-me, corpo e alma, parte do teu corpo, que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também, sem sonhos que sejam estrelas em mim, nem sol esperado que ilumine do futuro.

...Meu chamado caiu no abismo do teu silêncio..


DESENCANTO

Estou abandonando os meus sonhos,
pela falta de possibilidades,
por ter tanto amor dentro de mim,
e não saber o que fazer com ele...
Sem poder repartir contigo,
o que sinto...
Meu chamado caiu no abismo
do teu silêncio..
Estou à espera do próximo instante,
a escuridão a cegar,
esse meu úmido olhar...
O pior,é que ainda bate
um coração dentro de mim..
avisando que eu ainda existo...
que o sangue ainda corre
pelo meu corpo fraco..
Mas,hoje nada sou,
sem a força da tua emoção,
estou apagando,
estou perto do fim...

(jazo-me diante de tí..)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Nunca dá amor demais quem ama!...


Nunca dá amor demais quem ama!
Quem muito ama, recebe de si mesmo a felicidade dessa dádiva!
Só as pessoas felizes sabem amar!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

...Meu ser evaporei na lida insana, Do tropel de paixões que me arrastava;...


MEU SER EVAPOREI NA LIDA INSANA



Meu ser evaporei na lida insana

Do tropel de paixões que me arrastava;

Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava

Em mim quase imortal a essência humana.



De que inúmeros sóis a mente ufana

A existência falaz me não doirava!

Mas eis sucumbe a natureza escrava

Ao mal que a vida em origem dana.



Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!

Esta alma, que sedenta em si não coube,

No abismo vos sumiu dos desenganos.



Deus, ó Deus! Quando a morte a luz me roube,

Ganhe um momento o que perderam anos,

Saiba morrer o que viver não soube

sábado, 29 de janeiro de 2011

...E traz na noite, o leito amante...



OUTRA SAUDADE

É saudade assim...Tão docemente
nem com seu presente ela fenece
É dor que sente...Dor que aquece
e alimenta a vida alegremente

E traz na noite, o leito amante
Semblante...A paz do infinito
Já morta, a saudade noutro grito
renasce de novo noutro instante!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

...E quando a sente alegre, fica triste. E se a vê descontente, dá risada...

Para ti Luís,meu maior amor,
dedico este poema de Vinicius de Morais

Soneto do maior amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Lábios que não beijei...a sobrevivência do sonho,...



Lábios que não beijei
Agora lhes beijo,
e agradeço a sobrevivência do sonho,
a sobrevivência dos sons, dos ruídos.
A hipótese de ser libidinoso e bom.
Risos mordidos, escrachados...
O escândalo na rua, na calçada,
com bocas coladas.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço o guia, mil vezes,
refeito pelas mãos velozes.
Dedos doidos, inquietos, exploradores;
A permanente expedição pela carne.
A idéia de ferro e fogo
em nossos tecidos desalinhados.
A linha rompida, rasgada...
A invasão do privado.
Os músculos impacientes,
a eminente explosão dos botões
e a incontinência dos zíperes,
na busca do mais fundo...
E vem à tona bocas
de pernas para o ar em levitação.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço o aroma de
maçã, cereja,
outra fruta...
Gosto de amor condensado, intenso.
A cisma de apalpar uma escultura,
bolinar...
Sugar língua clandestina
E, por fim, desvendar uma identidade pelo tato.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço a graça e a
ilusão de bocas
que se bifurcam como nos jardins de Alá,
e do além.
A falta da húmida saliva,
o atordoado gesto sumário,
a extensão do que não houve...
O estado grave, o coma e a cama.
Lábios que não beijei
Beijo-lhes agora, de joelhos,
e agradeço a distância sensata que nos
manteve.
O que fomos depois
E nossos lábios desunidos jamais souberam
O que somos, e a certeza de quilómetros
rodados em outras bocas.
O beijo partido...
O que me coube nos lábios,
a cama que poderia ter sido,
poderia ter dado,
poderia ser, mais não foi.
E não houve...
E nem foi ouvido...