quinta-feira, 30 de julho de 2009

Férias

As merecidas férias chegaram.Voltarei em breve com mais novidades. Beijinhos para todos.

sábado, 25 de julho de 2009

Direitos das mulheres/ Queimada Viva e Mutilada



Sabemos que há países em que nascer mulher significa maldição.Tradições bárbaras, espancamentos e outros rituais em que a vida da mulher nada vale.Eis o exemplo transcrito nestes dois livros que li e que aconselho para uma melhor tomada de consciência do mundo.Temos de colocar um basta nestas situações e deixar que essas mulheres vivam alegres e felizes na sua condição feminina e em pleno com a sua natureza.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

...E me prendesses toda nos teus braços...



Se tu viesses ver-me...


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,

A essa hora dos mágicos cansaços,

Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha

A tua boca... o eco dos teus passos..

.O teu riso de fonte... os teus abraços...

Os teus beijos... a tua mão na minha..


.Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo

E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...

Quando os olhos se me cerram de desejo...

E os meus braços se estendem para ti...


quarta-feira, 22 de julho de 2009

..de que afinal um roseiral florido..

Soneto
Se, para possuir o que me é dado,
Tudo perdi e eu própio andei perdido,
Se, para ver o que hoje é realizado,
Cheguei a ser negado e combatido.


Se, para estar agora apaixonado,
Foi necessário andar desiludido,
Alegra-me sentir que fui odiado
Na certeza imortal de ter vencido!


Porque, depois de tantas cicatrizes,
Só se encontra sabor apetecido
Àquilo que nos fez ser infelizes!


E assim cheguei à luz de um pensamento
De que afinal um roseiral florido
Vive de um triste e oculto movimento


António Botto

terça-feira, 21 de julho de 2009

...alastra na sombra...

Entre os teus lábios

é que a loucura acode,

desce à garganta,

invade a água.

No teu peito

é que o pólen do fogo

se junta à nascente

alastra na sombra.

Nos teus flancos

é que a fonte começa

a ser rio de abelhas,

rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos

é que a areia queima,

o sol é secreto,

cego o silêncio.

Deita-te comigo.

Ilumina meus vidros.

Entre lábios e lábios

toda a música é minha.

Eugénio de Andrade

sábado, 18 de julho de 2009


Olá
Desejo a todos os leitores deste blog um óptimo fim de semana ou óptimas férias se for o caso.
Boas leituras e muito divertimento,claro!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

...Há dias de imensa paz deserta;...



Desencontro


Só quem procura sabe como há dias de imensa paz deserta;

pelas ruas a luz perpassa dividida em duas:

a luz que pousa nas paredes frias,

outra que oscila desenhando estrias

nos corpos ascendentes como luas suspensas,

vagas, deslizantes, nuas, alheias, recortadas e sombrias.

E nada coexiste.

Nenhum gesto a um gesto corresponde;

olhar nenhum perfura a placidez,

como de incesto, de procurar em vão;

em vão desponta a solidão sem fim,

sem nome algum

que mesmo o que se encontra não se encontra.


Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'

sábado, 11 de julho de 2009

..verteu-se num charco triste....


A noite foi como chuva...

Chorou,chorou,chorou...Verteu-se num charco triste de lama...frio e só!

Pela madrugada foi o sol que a secou!

Dessa noite chorosa nem uma gota ficou!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Hoje acordei mais sensível!
A poesia emerge a cada suspiro de vida, a cada emoção que transmito.Olho em redor e observo atenta, o doce chilreio das aves, o olhar enternecedor de uma criança,...Piso o asafalto inerte e quente do estio,com brandos passos...Perseguem-me flashes da memória....Dor!As perdas...outras dississitudes! Hoje estou assim,neste gesto incessante de procura nas palavras o concreto dos sentimentos!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

...como doces águas de riacho lento..

Eras tu!


Eras tu!
Quando olhei o mar vi teu olhos
na bruma teu leito jasmin
na lua a suave nudez do teu corpo
Quando olhei o céu estavas lá
estrela brilhante de diamantes
plenitude infinita de leveza
Eras tu!
Quando olhei a natureza estavas lá
quão delicada rosa, rosa!
Tal trigo dourado no horizonte
como doces águas de riacho lento...
como beijo rasgado que amaruja,
nesse mar do navio que o embala
Sim,
Eras tu!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

...Vais por caminhos de bruma...

Nuvens correndo num rio
Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!
Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.
Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?
Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?
Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.


Natália Correia

...Tenho o verde secreto dos teus olhos..




A meu favor

Tenho o verde secreto dos teus olhos

Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor

O tapete que vai partir para o infinito

Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor

As paredes que insultam devagar

Certo refúgio acima do murmúrio

Que da vida corrente teime em vir

O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça.



Alexandre O'Neill

....Se houvesse degraus na terra...




Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.



Herberto Helder