sábado, 29 de janeiro de 2011

...E traz na noite, o leito amante...



OUTRA SAUDADE

É saudade assim...Tão docemente
nem com seu presente ela fenece
É dor que sente...Dor que aquece
e alimenta a vida alegremente

E traz na noite, o leito amante
Semblante...A paz do infinito
Já morta, a saudade noutro grito
renasce de novo noutro instante!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

...E quando a sente alegre, fica triste. E se a vê descontente, dá risada...

Para ti Luís,meu maior amor,
dedico este poema de Vinicius de Morais

Soneto do maior amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Lábios que não beijei...a sobrevivência do sonho,...



Lábios que não beijei
Agora lhes beijo,
e agradeço a sobrevivência do sonho,
a sobrevivência dos sons, dos ruídos.
A hipótese de ser libidinoso e bom.
Risos mordidos, escrachados...
O escândalo na rua, na calçada,
com bocas coladas.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço o guia, mil vezes,
refeito pelas mãos velozes.
Dedos doidos, inquietos, exploradores;
A permanente expedição pela carne.
A idéia de ferro e fogo
em nossos tecidos desalinhados.
A linha rompida, rasgada...
A invasão do privado.
Os músculos impacientes,
a eminente explosão dos botões
e a incontinência dos zíperes,
na busca do mais fundo...
E vem à tona bocas
de pernas para o ar em levitação.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço o aroma de
maçã, cereja,
outra fruta...
Gosto de amor condensado, intenso.
A cisma de apalpar uma escultura,
bolinar...
Sugar língua clandestina
E, por fim, desvendar uma identidade pelo tato.
Lábios que não beijei
Agora lhes beijo, e agradeço a graça e a
ilusão de bocas
que se bifurcam como nos jardins de Alá,
e do além.
A falta da húmida saliva,
o atordoado gesto sumário,
a extensão do que não houve...
O estado grave, o coma e a cama.
Lábios que não beijei
Beijo-lhes agora, de joelhos,
e agradeço a distância sensata que nos
manteve.
O que fomos depois
E nossos lábios desunidos jamais souberam
O que somos, e a certeza de quilómetros
rodados em outras bocas.
O beijo partido...
O que me coube nos lábios,
a cama que poderia ter sido,
poderia ter dado,
poderia ser, mais não foi.
E não houve...
E nem foi ouvido...